sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Fazer rodriguinhos

No livro Mapa Cor de Rosa, de que vos falava na semana passada,deparei-me com a expressão "Fazer rodriguinhos":

[..] Gente que nunca fez nada na vida; ou dois ou três rodriguinhos habilmente miméticos (Mapa Cor de Rosa, página 228)

Segundo o Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa um rodriguinho pode ser: a) Um objeto de pouco valor; b) Sentimentalismo barato usado como recurso para fazer emocionar o público; c) Tremelique, trejeito, frescura; d) Doce de amêndoa do Algarve.



Por seu lado, fazer rodriguinhos poderia ser o mesmo que fazer intriguinhas. E fazer algo sem rodriguinhos é fazê-lo "pondo de lado tudo o que é acessório".


Uma pesquisa no corpus do CETEM PÚBLICO deu-me 49 ocorrências da palavra. A aceção b das acima citadas pareceu-me a mais frequente. Eis alguns exemplos de uso tirados desse corpo:

Adepto do flamenco da linha dura, o designado «cante puro», que dispensa quaisquer rodriguinhos e operações de cosmética executadas com o fim de tornarem a música mais acessível, El Cabrero considera que «não é por ser apresentado em grandes auditórios que o flamenco corre o risco de se deteriorar, mas sim com a mistura com outras músicas que o atormentam» .

Entre os bilhetes postais de uma paisagem deslumbrante, os rodriguinhos do argumento, os clichés sobre o índio bom e o índio mau e uma banda sonora ensurdecedora, Mann não acerta num único alvo.

Em vários casos, encontrei exemplos tirados do mundo do futebol. Os rodriguinhos neste contexto seriam lances vistosos, mas pouco eficazes na hora de atingir o golo:

Em vantagem, o Sporting controlava a partida a meio-campo, onde Peixe era o atleta mais esclarecido, pois as vedetas Figo e Balakov perdiam-se em «rodriguinhos» nada úteis ao funcionamento da equipa. 

Muito agarrados à bola, perdendo-se constantemente em rodriguinhos e pouco rematadores, emperraram quase sempre as acções ofensivas. 

O Ciberdúvidas tem um artigo dedicado ao significado e origem da expressão. Pedro Mateus sugere na sua resposta (18/07/2011) várias hipóteses:

- A "Lenda da Galanteria de D.Rodrigo",ambientada nas lutas entre cristãos e muçulmanos no Álgarve.

- Os doces algarvios de amêndoa chamados de Dom Rodrigo ou Rodriguinhos.

Fonte da imagem: http://www.cafeportugal.pt/pages/sitios_artigo.aspx?id=4345

Vamos então ficar à espera de que alguém se anime a usar esta expressão nas aulas. Força!

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