Os rios da Lusofonia continuam a falar com a ajuda dos estudantes do nível intermédio. Eis mais um exemplo, este de uma aluna da turma das 19h30.
* Reparem em que os nomes compostos de espécies zoológicas e botânicas se escrevem com hífen, ao abrigo do acordo ortográfico.
Sou o Rio Minho. Sou um dos mais pequenos da Península Ibérica, mas sou o
mais importante, porque algum dia conseguirei unir Portugal e a Galiza.
Há muito tempo que ouço falar nas
minhas duas margens, ou talvez ouço murmúrios sobre a semelhança de galegos e
portugueses. Ah!, a língua é muito parecida!
Eu tento que os dois povos se unam através do traço que faço no meu leito cheio de água. O meu caudal de água é a linha que une muitas aldeias e cidades do Minho Norte e Minho Sul.
Sempre me sinto contente, volto a nascer e a passar por Melgaço, pois é então que sinto o murmúrio das gentes de Rosalia de Castro por um lado, e das gentes de Camões pela outra beira.
A amêijoa asiática, o maçarico-real, o maçarico-galego, a ferreirinha-comum, e a escrevedeira-dos-caniços, já se entendem e se misturam.
Fonte da fotografia: riosdeportugal.webnode.pt
(Imagem etiquetada com licença de uso sem fins lucrativos)
Ofereço
os meus presentes a todos estes povos por igual: a mesma água; e além disso, truta, lampreia,
enguia e salmão.
Preocupa-me o aumento de poluição fluvial, que pode provocar a morte de muitos peixes.
De tanto falar com as duas beiras desde Melgaço, volto-me rouco, mas aceito o destino da minha morte a caminho do Atlântico, apesar de que logo voltarei a nascer.
Até à próxima, quando eu voltar a nascer.
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